Europeus de Piscina Curta – O Dia Seguinte

  •  
  •  
  •  

Decorreu em Glasgow entre os dias 4 e 8 de dezembro o campeonato da europa de natação em piscina curta (25 m).

Nestes 5 dias de competição esteve presente a grande maioria da elite europeia, notando-se, no entanto, algumas ausências de peso, como Kristof Milak, Adam Peaty, Sarah Sjoestroem, Mireia Belmonte, Sarah Khoeler, Michelle Coleman, Lazslo Cseh, Florian Wellbrock  e Anton Chupkov para apenas citar alguns.

Este campeonato tem a particularidade de se ter realizado apenas 2 semanas antes da final da Liga Internacional de Natação, o que pode ter feito com que alguns desses atletas tenham optado por não competir esta semana ou que outros não se tenham apresentado no seu máximo de forma. Ainda assim, é de notar que num campeonato que foi magro em recordes europeus e mundiais, o nível médio da competição foi superior ao das edições anteriores.

Notou-se alguma discrepância de qualidade em certas provas, sendo que algumas se apresentaram com um nível competitivo bastante superior ao de outras, sobretudo nas posições de pódio, sendo exemplos claros desta situação as provas masculinas dos 50 e 100 Bruços, 50 livres e os 200 estilos e as provas femininas da 50 mariposa e 100 estilos.

O único recorde do mundo absoluto quebrado nesta competição foi conseguido pela equipa russa que nadou os 4×50 estilos misto, sendo que a mesma seleção conseguiu também um recorde da europa nos 4×50 livres misto.

Já no panorama individual, destaque para o recorde da Europa alcançado Vladimir Morozov com o incrível tempo de 25.51 nos 50B, uma prova onde conseguiu melhorar quase 3 décimos de segundo, batendo toda a concorrência e perfilando-se como uma candidato a atacar o recorde do mundo desta prova em piscina curta nos próximos anos.

Nos 100 bruços, prova que não contou com a presença de Morozov, nem de Adam Peaty, foi Ilya Shymanovich que surpreendeu nas meias-finais com um novo recorde da Europa ao parar o cronómetro em 55.89.

Mas foi nos 200E que talvez tenha caído o recorde mais inesperado com o grego Vazaios a retirar quase 1 segundo e meio ao seu recorde pessoal, para conseguir nadar meio segundo mais rápido que o anterior recorde europeu de Laszlo Cshe.

Em destaque tiveram também duas nadadoras juniores. Desde logo Benedetta Pilato, vice-campeã do mundo dos 50B em piscina olímpica, ao terminar em primeiro a prova dos 50B com o tempo de 29.38, estabeleceu um novo recorde mundial júnior.

Vale a pena referir que, no passado, uma nadadora júnior já nadou mais rápido que esta marca, neste caso Ruta Meilutytte, mas que pelo facto de apenas serem reconhecidos recordes mundiais juniores desde abril de 2014, a sua marca não foi ratificada como recorde mundial júnior por ter sido obtida antes da data de reconhecimento de marcas. Em evidência teve também Anastasia Skurdai com apenas 16 anos ao estabelecer um novo recorde europeu júnior nos 50 mariposa com 25.34.

Feitas as referências aos recordes passamos aos destaques individuais desta competição. Nos homens Morozov, Kamminga, Vazaios, Kolesnikov e Rapsys tiveram todos mais do que uma vitória individual. Morozov que além dos 50B dominou o sprint de livres com o excelente tempo de 20.40, vencendo também os 100 livres com uma marca expressiva.

Danas Rapsys, quanto a mim, fez uma das provas do campeonato com uma vitória absolutamente avassaladora nos 400L, onde deixou o segundo classificado a cerca de 4 segundos de distância, tendo ficado a menos de 1 segundo do fantástico recorde do mundo de Yannick Agnel. O lituano terminou em 3.33.20, tornando-se o segundo homem mais rápido da história (sem fatos de poliuretano) na distância. Rapsys acabaria também por vencer os 200L, uma prova onde se tem destacado tanto em piscina curta como em piscina longa. Merece menção neste parágrafo o escocês Duncan Scott por ter realizado nas eliminatórias dos 200L o tempo de 1.40.92, sendo mais rápido que o tempo da final com que Danas Rapsys levaria o ouro.

Após dois anos de júnior brilhantes, Kliment Kolesnikov teve quase 12 meses resultados menos expressivos. No entanto, surgiu neste europeu de piscina curta em cima dos seus recordes pessoais, conseguindo ganhar os 50 e 100 costas e ainda os 100 estilos, com marcas de muito bom nível, sobretudo nos 100 costas. O nadador russo vai ainda competir na final da ISL em Las Vegas dentro de 2 semanas que poderá representar mais uma oportunidade para chegar aos seus recordes pessoais e quem sabe atacar o recorde mundial das 100 costas.

O atleta grego Vazaios, para além de vencer e convencer com nova marca europeia nos 200 estilos, foi ainda medalhado nos 100E, sendo que pouco depois de nadar essa final conseguiu vencer ainda com folga os 200 mariposa. Ele já tinha nadado bem durante a época nas etapas da ISL, tendo agora dado um salto qualitativo muito grande que poderá, ou não, repercutir-se nas provas de piscina longa nos próximos meses de preparação olímpica.

Já no panorama feminino a atleta do costume não desiludiu. Ainda que relativamente longe das suas melhores marcas, Katinka Hosszu venceu todas as provas de estilos e a 200 mariposa. Sem dúvida que será uma forte motivação para ela, visto que decidiu passar a treinar sozinha sem orientação de treinador, sendo que o verdadeiro teste serão as provas que nadar em piscina olímpica.

Para além destes destaques há a referir atletas que estão a evoluir e a subir muito a sua cotação nos últimos meses e que neste campeonato se apresentaram a bom nível e poderão ter uma palavra a dizer nos próximos jogos olímpicos. Desde logo, Kira Toussaint, depois de nadar muito bem nas etapas da ISL e em algumas etapas da taça do mundo, venceu com marcas próximas de recorde do mundo os 50 e os 100 costas, sendo mais um nome que se junta à lista de candidatas que pode vir a medalhar no próximo verão.

O norueguês Tomoe Zenimoto parece ter agora confirmado o seu valor com uma melhoria muito assinalável dos seus recordes pessoais nos 100 mariposa e sobretudo nos 200 estilos onde foi vice-campeão da europa com uma marca muito interessante.

Também o alemão Marius Kusch perfila-se com sério candidato a uma final olímpica, ou quem sabe algo mais, na prova de 100 mariposa, se mantiver a evolução que tem tido nos últimos 12 meses.

À partida para Glasgow a seleção portuguesa tinha como meta de 5 finais e 10 presenças entre os dezasseis primeiros. Não foi possível alcançar esse objectivo sendo que os nadadores portugueses conseguiram três presenças em finais e um total de 9 classificações entre os dezasseis primeiros, conseguidas por 6 nadadores diferentes. A estes resultados juntam-se 3 recordes nacionais, conseguidos por Diana Durães nos 800m livres; José Paulo Lopes nos 1500m livres e Alexis Santos nos 100m Estilos, bem como 10 recordes pessoais, em 31 participações competitivas.

O destaque terá de ficar obviamente para os finalistas Alexis Santos e Ana Monteiro que terminaram em 7º os 200 estilos e 200 mariposa respectivamente, e para Diana Durães que terminou em 8º a final dos 800 livres. Também José Paulo Lopes se apresentou em grande nível, melhorando todos os seus recordes pessoais e retirando quase 10 segundos ao recorde nacional absoluto dos 1500 livres.

Os atletas portugueses terão ainda nas próximas semanas mais alguns momentos competitivos, onde poderão alcançar marcas importantes, tanto em busca de recordes nacionais nos campeonatos nacionais de piscina curta, como marcas de apuramento olímpico na Holanda.

Para algumas das estrelas dos campeonatos europeus estará em disputa o título da temporada de estreia da ISL (international swimming league) em Las Vegas.

Mais de 10 mil leitores não dispensam o Chlorus.
Fazer jornalismo de Natação tem um custo e por isso
precisamos de si para continuar a trabalhar e fazer melhor.
Torne-se nosso assinante por apenas 10€ por ano e
tenha acesso a todos os conteúdos Premium.



Comentários